A minha sentida homenagem ao Padre Bastos!...

Opinião

manuel paiva *

Ele era um judeu rico!... Pertencia à classe dominante…. Eu vi-o…. Tinha sido assaltado, ferido, e abandonado pelos ladrões na valeta do caminho onde gemia moribundo… Passavam desumanamente indiferentes os poderosos judeus: os políticos do tempo e os orgulhosos e coquetes ricos de todos os tempos!...Passavam sem se deterem a olhar aquele judeu agonizante, insensíveis a quem ali gemia num intraduzível tormento!….

Ajoelhado, junto do judeu, vi também, debruçado no lodo da valeta, um samaritano a levantá-lo para lhe curar as feridas. Os judeus eram inimigos dos samaritanos... Mas tu, querido Padre Bastos, descobriste ‘o Nazareno’ nesse judeu! E partilhaste com Ele as mesmas dores! Esse Nazareno também foi espancado, cuspido, morto e crucificado!.... Ninguém O sentiu como tu! E foi Ele que te ensinou a perdoar a todos, mesmo aos inimigos, e a seres a presença afetiva junto dos sozinhos!... Foi diante d`Ele que te ajoelhaste para lhe curar as feridas!... Eu reconheci quem estava ali ajoelhado, a ajudar quem gemia: eras tu, querido Padre Bastos! Eras tu mesmo a curar o Nazareno… 
Eu vi-te…e ouvi contigo os lamentos desse judeu ferido!... Tu foste a verdadeira Igreja, a que vai aos sujos quelhos à procura dos extraviados, dos perseguidos, dos marginalizados, dos próprios inimigos, dos sem pão nem afetos, dos que choram, dos que vão morrendo debaixo das pontes, sem ninguém ao lado!... Se a Igreja apenas esperar que a procurem, não é Igreja…Pode até ser uma cruz; mas sem Cristo e sem uns braços abertos… 
Eras tu, Padre Bastos, ali de joelhos, tu que sempre abraçaste quem nunca soube amar nem ser amado, ou quem tinha vergonha da sua própria miséria e a escondia. Eras tu que estavas ali… Eu bem te vi debruçado diante do judeu ferido… A tua missão foi sempre assim: deixares de seres tu para seres os ‘outros’ e repartir com eles pedaços do teu coração e da tua vida… Fica na tua história essa presença amiga, carinhosa, desinteressada: Choraste com os que choravam, mas cantaste com os que cantavam; tu eras ‘eles’…E eras deles, como eles eram teus!...Obstáculos pelo caminho? Sempre os haverá, mas tu fizeste como as águas do rio quando um pedregulho se atravessa na sua frente: passaste ao lado e continuaste a viagem…
Eu continuo agora a ver-te nas ruas a cruzar teus olhares com quem já nem sabe olhar um futuro com esperança. És o Nazareno a caminhar ao lado dos homens…Tu não morreste, Padre Bastos; tu continuas vivo a dar Vida a quem dela precisa. Tu abriste o caminho, desde o humano até ao Divino, para nos mostrares os trilhos do Amor! Sentiste o apelo do Nazareno que, incarnando, já tinha aberto o caminho desde o Divino até ao humano para nos conduzir até Ele...  Foi Saint-Exupéry que escreveu que “Amar não consiste em olhar um para o outro, mas em caminhar unidos na mesma direção”.  Eu quero caminhar nessa direção, porque aprendi contigo a viver o AMOR!... 
Grande Mestre, Padre Bastos!...Obrigado por mim e por todos estes teus amigos!
Obrigado, Padre Bastos!...
* Colaborador do Correio de Azeméis

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