ADN Oliveirense com HELENA TERRA - A cidade “está vazia”

https://www.facebook.com/382888145113823/videos/463902644963581 A arquiteta Ana Isabel da Costa e Silva, que participou na reabilitação da Capela de La Salette, considera que os arquitetos têm uma profissão “difícil”. “Nunca construímos o projeto ideal, mas sim o projeto otimizado”, referiu. “Não pensamos apenas no edifício; pensamos para além dele. É algo que nos está nas veias”, apontou a oliveirense. Marta Cabral Ana Isabel da Costa e Silva tem “uma opinião controversa” sobre o que a cidade de Oliveira de Azeméis precisa do ponto de vista arquitetónico. “Mais do que investimentos em parques, é necessária uma leitura global sobre o espaço público da cidade”, exemplificou. “Achamos estranho que a cidade esteja vazia e isso deve-se ao facto de o espaço estar mal desenhado e debilitado”, afirmou, dando como exemplo a ligação entre o Parque de La Salette e a cidade. A arquiteta considera que a transformação do Mercado Municipal numa plataforma de transporte urbano irá condicionar, de igual forma, o desenho do espaço público. “Há oportunidades de financiamento que controlam algumas decisões da parte de quem governa”, comentou. “Este correr ao sabor do vento condiciona a vida de uma cidade. Claro que o projeto em si não tem culpa, até porque foi encomendado”, esclareceu. O caso do Fórum Municipal, que irá albergar os Paços do Concelho, foi outro dos exemplos mencionados. “A reabilitação do imóvel é um exercício muito exigente. Para intervir, é preciso fazê-lo com a qualidade que merece”, declarou a profissional. “Não considero que manter apenas a fachada seja uma opção para a cidade; é criar um cenário que, no seu interior, não tem consequências”, acrescentou Ana Isabel da Costa e Silva. A par de outros projetos oliveirenses, a arquiteta sugeriu a integração da Estalagem de S. Miguel e das piscinas municipais. “O restaurante das piscinas garante algo mais à estalagem e aos restantes serviços”, descreveu. Sendo o concelho “rico” em setores especifícos, como o desporto e a indústria, há outros aspetos que deveriam, também, ser “melhorados”. “A indústria não é bem tratada. Não há uma entrada digna para a Zona Industrial nem um desenho de simbologia correto”, enumerou. Os jovens não foram esquecidos nas ilações da arquiteta, que salientou a necessidade de “um investimento cirúrgico em determinados pontos”, de modo a fixar a população mais nova.   O percurso da arquiteta Ana Isabel da Costa e Silva Ana Isabel da Costa e Silva (Oliveira de Azeméis, 1974) é arquiteta, licenciada pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, mestre em ‘Planeamento e Projeto do Ambiente Urbano’ pelas faculdades de Arquitectura e de Engenharia da Universidade do Porto com a dissertação ‘Estrada Nacional EN1: Rua da Cidade Alargada’ e doutorada em Arquitectura com a dissertação intitulada ‘A madeira na Arquitectura: práticas construtivas entre finais de oitocentos e final do século XX’. Nos últimos dois anos do curso de Arquitectura, entre 1996 e 1998, estagiou no atelier de António Madureira e estudou no Instituto Universitário de Arquitectura de Veneza, em Itália, tendo frequentado, entre outras, as disciplinas dos professores Bernardo Secchi e Vittorio Gregotti. Após a conclusão do curso, trabalhou no atelier de António Madureira e dedicou-se a diversos projetos de arquitetura. Na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, foi monitora de Projecto 3, entre 1998 e 2000, e, desde 2001, é docente na área científica da Tecnologia da Construção, do curso de Mestrado Integrado em Arquitectura. Desde 2009, integra o grupo de investigação ‘Atlas da Casa’ do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo.