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Correio de Azeméis

2 May 2022

CPCJ tem cerca de 170 crianças assinaladas em Oliveira de Azeméis

Exclusivos Concelho

Debate sobre o mês da prevenção dos maus tratos infantis na Azeméis TV/FM

Abril foi o Mês da Prevenção aos Maus Tratos Infantis. Neste sentido, a Azeméis TV/FM organizou um debate onde reuniu a vereadora da Ação Social da Câmara Municipal, Inês Lamego, a presidente da Comissão Proteção de Crianças e Jovens, Helena Lestre, e algumas das psicólogas dos agrupamentos escolares do concelho, para discutir este problema e as soluções.

O papel da CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens)

“A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, acolhe todas as pessoas que aqui queiram vir, (…) tratamos dos processos que são sinalizados pelas entidades da primeira linha, pode ser escolas, hospitais, GNR, ou qualquer cidadão pode fazer uma sinalização. Essa sinalização significa que pode estar em situação de risco ou em perigo. As pessoas podem contactar por telefone, por carta e temos de averiguar a situação, de momento temos alguns casos em Oliveira de Azeméis, cerca de 170. Para um concelho tão grande como o nosso, com 19 freguesias, não é um número exageradamente grande, mas isto demonstra que as entidades estão alerta e que sinalizam quando não conseguem trabalhar mais com as famílias e os jovens e crianças.”
Helena Lestre, 
presidente da CPCJ

O apoio fundamental da câmara municipal

“A posição de Oliveira de Azeméis, eu não sei se em termos numéricos é melhor ou pior que algum outro concelho, mas sei que cada caso que exista é um caso que não queremos ter. Cada situação que esteja devidamente sinalizada e cuja a veracidade dos factos já foi apurada, e que a criança está efetivamente em risco, deixa-nos triste e preocupados. Isso só significa que não podemos baixar os braços, porque se há seres que são indefesos, as crianças são sem dúvida os mais indefesos. (…) A câmara municipal é de facto um parceiro, não é, nem de longe, o grande obreiro daquilo que é a atividade de prevenção junto das famílias, esse crédito é de toda a justiça entregue à CPCJ. São os senhores comissários, da comissão restrita, que com muito trabalho, com o enorme número de processos que gerem, com o peso psicológico da gestão de situações muito complicadas, são eles de facto que conseguem debelar muitas situações (…) A câmara municipal associa-se ao passa palavra desta mensagem e sinalização, a tudo o que possam ser iniciativas que possam ajudar nesta temática, alertar a comunidade que estes problemas existem. (…) Somos um elo de ligação, entre aquilo que é o trabalho da CPCJ e a realidade que os munícipes podem encontrar na porta ao lado e precise de ser sinalizado.”
Inês Lamego, vereadora da ação social

 

A dependência do online

“A escola é uma instituição de primeira linha e estamos em contacto com as crianças, jovens e as famílias. Sem dúvida nenhuma é uma situação que tem crescido em número, cada vez vê-se mais jovens de manhã que chegam atrasados, ou estão a dormir, devido ao vício do telemóvel, que se prolonga pela noite dentro. Os professores chamam-nos à atenção, e percebemos que eles perdem um pouco a noção da realidade com os jogos online. Algumas das situações que nos chegam é faze-los aprender a distinção entre o virtual e a realidade. E ensina-los a ter autocontrolo, saber parar, e isso é muito difícil, principalmente nos adolescentes.”
Maria Gorete Almeida, psicóloga do Agrupamento de Escolas Ferreira da Silva

 

“Sente-se essa diferença em sala de aula, muitas vezes não estão atentos, assumem que acabam por não conseguir reter as matérias que são necessárias. Porque isto depois acaba por ter interferências, tanto na intenção, como na concentração (…) querem viver um pouco neste mundo virtual. Também se começa a notar muito em sala de aula, a ligação ao telemóvel constante, para além dos próprios jogos, a dificuldade que eles têm neste momento de não estarem ligados ao telemóvel, enquanto estão dentro de uma sala de aula. Talvez em consequência da pandemia, em que as aulas foram durante estes dois últimos anos, em grande parte online. Tiveram esta repercussão de sentir que é possível levar o telemóvel para a sala de aula, onde as situações são muito frequentes de apanhar o aluno a ver vídeos com o auscultador escondido no carapuço. Há aqui uma fuga para o virtual e perdem um bocado a noção das consequências que isso traz.”
Mafalda Vilas, psicóloga do Agrupamento de Escolas Soares Basto

“É óbvio que nós estamos na era digital e isso é inegável, todos os alunos têm acesso, não há como contornar esta situação. No entanto, tentamos sempre apelar para o não uso do telemóvel nas aulas e isto não se verifica. Pode haver uma situação ou outra em que os alunos usem o telemóvel, mas tentamos sempre fazer ações de sensibilização, para contornar esta situação da forma mais positiva possível.”
Sandra Resende, psicóloga do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro

“É um pouco difícil nesta era digital da tecnologia, mas tentar ter um meio termo, onde o uso do telemóvel seja num contexto pedagógico, que já os faz libertar daquilo que é uma aula mais reta, ou seja, ter um momento de distração em que possam usar o telemóvel e eles mesmo nem percebem que o intuito é pedagógico. Cada vez mais são criadas plataformas digitais, para trabalhos, dinâmicas de grupo e até entre professor e aluno. (…) Ao mesmo tempo é feito um trabalho com as famílias, porque muitas vezes percebemos em que esta situação dos jogos começa a ser mais agravado ao longo do tempo, e procuramos aí um foco na família, tentar estratégias de rotina, nunca retirando por completo o recurso ao jogo e ao telemóvel, mas sim tentar equilibrar e arranjar um meio termo.”
Catarina Pereira, educadora social do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro  

“Este fenómeno é muito preocupante das novas tecnologias, porque traz outro tipo de assuntos que importa debatermos e resolvermos. É um comportamento aditivo, é exatamente comparável a outro tipo de adições como o álcool e o jogo. Portanto, está a refletir-se gravemente no comportamento das crianças, nós temos verificado que as crianças do primeiro ciclo muitas delas falam brasileiro, introduzem palavras que não existem no português de Portugal. Quando uma língua se interpõe à língua materna, nós devemos perceber que essa criança passa demasiadas horas na internet.”
Carla Machado, psicóloga do Agrupamento de Escolas de Loureiro 
  
“Quando vamos ao pré-escolar, e contactamos com as educadoras, vemos esta problemática de falar ‘português do Brasil’, e quando isto acontece, tanto os docentes, com uma equipa de intervenção, psicóloga ou assistente social, desenvolvem um trabalho no âmbito da promoção das competências parentais. Explicar que o aprender brasileiro compromete o processo de escrita e leitura do português. Este é um indicador que falta afeto, de que falta tempo. Tentamos nos meter no lugar dos pais, perceber com eles estratégias que consigam alterar em termos de dinâmica familiar, para que a criança tenha um desenvolvimento mais saudável.”
Mariana Ribeiro, assistente social do Agrupamento de Escolas de Fajões      

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