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Correio de Azeméis

18 Apr 2022

Desconfi(n)ar

Helena Terra

No dia 02 de março de 2020 foi diagnosticado o primeiro caso de covid19 em Portugal. Até aí, todos nos lembrámos que nos foi dito que o tal vírus era uma coisa da China e que não havia motivos de preocupação, nem alarme.
Depois disso, foi o que todos sabemos, fecharam-nos a todos, cada um de nós transformou o seu espaço numa cápsula de proteção, porque não havia equipamentos básicos de proteção e, até o álcool etílico chegou a esgotar nas farmácias. 
Trabalharam sempre aqueles que estavam na frente de batalha quer fossem os profissionais da área da saúde, os bombeiros, as forças policiais e os trabalhadores ligados à industria alimentar, o pessoal das farmácias, o do comércio dos ditos bens essenciais, o da recolha e tratamento de lixo e pouco mais.
Vivemos separados uns dos outros. Familiares e amigos faleceram sem direito a uma última despedida. Os encontros familiares ficaram adiados, alguns deles irremediavelmente adiados. Todos deixámos de ser aquilo que nos distingue de tantas outras espécies, deixámos de ser seres sociais e isto deixou marcas em toda a gente, sendo que algumas poderão ser irrecuperáveis.
A covid 19 matou muita gente, fez muita gente passar muito mal, mas o medo, a incerteza e a solidão também mataram alguns e, os que resistiram ficaram com mazelas notórias e que se manifestam das mais diversas formas.
Os mais velhos, nos últimos dois anos, envelheceram muito mais do que isso e os mais novos atrasaram o seu processo de crescimento e aprendizagem. Nas outras faixas etárias, alguns alteraram os seus projetos de vida por não aguentarem a pressão da clausura.
Entretanto foi o processo de vacinação, pelo qual a grande maioria ansiava, com todos os altos e baixos que não esquecemos; todavia, fomos dos europeus que mais se vacinou e que mais cedo conseguiu a chamada dose de reforço.
Agora, temos vários especialistas em saúde que afirmam e defendem perspetivas de um futuro próximo, absolutamente contraditórias – pensemos por exemplo na posição da senhora diretora geral da saúde e do senhor bastonário da ordem dos médicos. É certo que isto, para nós, já nem sequer é novidade… Mas, em quem confiar?
A mim, parece-me óbvio que temos que retomar a normalidade pré 2020 e aprender a conviver com o “bicho”, como convivemos com tantos outros com os quais há muito já nos habituámos, e a outros tantos que, por certo, nos teremos que habituar.
Já o povo diz que perante um mal, outro virá que faça esquecer aquele. Agora, temos uma novidade e uma nova preocupação para ocupar as nossas mentes, a guerra. Hoje, os especialistas que nos entram pela casa dentro são generais, majores generais, e outros que tais, grandes especialistas em guerras, sem nunca terem participado em nenhuma, a maioria, senão todos, nem na guerra do ultramar.
Depois da guerra, outra tragédia qualquer aí virá, mas não creio ser necessário ter o livro do apocalipse como leitura de cabeceira. 
 * Advogada
 

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