O difícil e o fácil na formação em saúde...
Opinião
Temos como um dado adquirido que em saúde as disciplinais mais difíceis são aquelas que tratam da anatomia, bioquímica física, farmacologia, etc.... e como fáceis as que tratam da ética médica e de enfermagem. Por isso, os estudantes chamam os 'cadeirões'. Porém, o que o verifico, depois de alguns anos de experiência dos profissionais de saúde, é que há uma inversão na valorização do que é fácil e do que é difícil.
O que no estudo era difícil acaba por ser o mais fácil e o que diz respeito à ética torna-se complexo e difícil. A base do conhecimento da enfermagem e medicina estão em constante evolução, mas aqueles assuntos que se julgavam fáceis - os intangíveis - acabam por ter um valor que vai para além do conhecimento científico.
A sensibilidade ética apela à tomada de decisão clínica entre o adequado e o desproporcional. Saber em cada ato o que é o 'máximo e o mínimo' de cada decisão; aspirar em cada decisão o ideal, mas compreender o real. E isto não é fácil.
Na verdade, o difícil torna-se 'fácil' e o fácil aparece como difícil.
Hoje, em tempo de COVID-19, em que os recursos técnicos e humanos começam a escassear, a saúde é um dos direitos sociais prioritários. O progresso económico é um meio para a realização do bem social que é a saúde, não devendo, nunca, sobrepor-se, como objetivo autónomo.
O atendimento e consultas em tempo oportuno, a que todos têm direito, é um elemento ético prévio em cuidado de saúde. As deficiências de administração no campo da saúde são uma violação do respeito pelo direito à saúde e aos cuidados de saúde.
Prof. Doutor, Carlos Costa Gomes, Provedor do Estudante da
ESSNorteCVP e IB-UCP
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