Preço da água gera revolta

Concelho

O Movimento Cívico Independente reuniu-se, na sexta-feira, em frente à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, de onde partiu em direção às instalações da Indaqua, em forma de protesto contra a privatização da água e os seus custos. “Exigimos a redução imediata do tarifário da água e saneamento, que seja adequada às condições económicas atuais das famílias oliveirenses”, afirmou um dos membros do grupo, Jorge Rocha, vincando que o movimento quer a remunicipalização da água “com o fim da concessão à empresa privada”, uma vez que “os níveis de serviços são muito aquém do que seria desejável na relação com os munícipes”, que se refletem nas “queixas constantes”. Foi também mencionada a falta de “investimento público da expansão e qualidade da rede de distribuição e saneamento no concelho”, considerando Jorge Rocha que se trata de um “atraso que já tem décadas, cujos responsáveis são os políticos e as vítimas os munícipes”. O grupo reivindicou ainda o “fim das descargas dos poluentes” nos rios do concelho. O Bloco de Esquerda (BE) marcou presença e apoiou a “luta” dos oliveirenses “contra aquilo que é uma empresa que abusa dos seus poderes, a aumentar tarifas e a aplicar um custo de vida inaceitável”, segundo o assessor do grupo parlamentar, Pedro Alves. Acrescentou que é um bem “essencial e público” que deveria “regressar à esfera pública e servir as pessoas de forma justa e democrática”. Óscar Oliveira, representante do PCP no concelho de Oliveira de Azeméis, admitiu que o partido está solidário com a luta deste grupo e indicou que este já iniciou “uma luta idêntica contra a privatização da água e para que esta fosse mais barata” na altura em que “a Câmara Municipal, no mandato de Hermínio Loureiro”, a vendeu “a um preço barato à INDAQUA”, relembrando que a população “está a pagar um preço exorbitante”. Em comunicado, a Câmara de Oliveira de Azeméis esclareceu que “tem consciência dos elevados custos de água para as famílias e empresas, resultantes de um processo iniciado em 2013”, adiantando que o líder do executivo, Joaquim Jorge, considerou-o “ruinoso para o concelho”. Acrescentou que “tudo está a ser feito para se encontrar as melhores soluções para minimizar o problema”, mas ressalvou ser “impensável, no imediato, rasgar contratos com a empresa concessionária", uma vez que isso traria problemas e “afetaria com gravidade” o futuro do concelho. "Dotar todas as freguesias das redes de água e saneamento é uma prioridade inadiável. Garantir o bom funcionamento das Estações de Tratamento de Águas Residuais é premente. É inaceitável a poluição dos nossos rios", vincou a autarquia. "Alguns contestam esta opção, aceitam-se e até se agradecem as críticas, mas é dever da Câmara Municipal fazer o que é inadiável, colocando os interesses do concelho acima de interesses políticos e pessoais", rematou.   Oliveira de Azeméis é 6.º concelho com água mais barata (Segundo dados disponibilizados pela Indaqua) De acordo com dados enviados pela Indaqua ao Correio de Azeméis, o município oliveirense, comparativamente aos restantes do distrito de Aveiro, ocupa o 6.º lugar da tabela relativa aos preços mais baixos de água e saneamento. Segundo a empresa concessionária da água e saneamento, em Oliveira de Azeméis, onde o consumo médio é de 7 metros cúbicos por mês, a tarifa média é de 18,6 euros por mês, “não obstante as diferentes variáveis que interferem na formulação tarifária das entidades gestoras em Portugal”. De acordo com a informação prestada pela Indaqua, o concelho da região aveirense com a água e saneamento mais baratos é Anadia, seguindo-se Vale de Cambra, Mealhada, São João da Madeira e Espinho. Já Arouca tem as tarifas mais altas da região (cerca de 23 euros), seguindo-se Santa Maria da Feira, Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Castelo de Paiva, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos, estes 12 com um preço a rondar os 22 euros.   Numa gestão municipalizada a 'fatura da água' seria mais barata?  - Eduardo Costa, Diretor Apesar do preço da água no nosso concelho estar entre os seis mais baratos de distrito, a fatura é muito elevada. As taxas são altas. As novas taxas aplicadas no início deste ano agravaram ainda mais a fatura. A concessão a privados da gestão da rede de água tem sido uma opção dos municípios um pouco por todo o país. A água é comprada à 'Águas de Portugal', empresa de capitais públicos, e o preço é igual para uma Câmara ou para uma concessionária. A entrega a privados da gestão da rede de água pretende assegurar uma melhor qualidade do serviço e mais eficiência de gestão. Também uma ampliação da rede, tanto de água como de saneamento. Foi opção de Oliveira de Azeméis concessionar, em 2014, a gestão da rede. Obedeceu a um concurso internacional, onde um dos principais pressupostos era, precisamente, o preço. A Indaqua ganhou o concurso. Entregar a privados a gestão da rede foi a melhor decisão? As opiniões dividem-se. Os partidos políticos esgrimem argumentos pró e contra. A oposição social-democrata diz, por exemplo, que os grandes aumentos verificados este ano não são devidos ao aumento do preço da água, mas são para pagar a componente que cabia ao município para o aumento decidido pela Associação de Municipios, bem como para o aumento da rede. Mais dizem que os concelhos vizinhos optaram por carregar no orçamento camarário esses aumentos, não os refletindo, assim, na fatura da água. O que não foi a opção do executivo socialista. Por seu lado, a Câmara e o Partido Socialista defendem que estão amarrados a um contrato de concessão que herdaram e que tem conseguido algumas vantagens da concessionária, com boas negociações. Afirmam que o custo de reverter o contrato não é suportável. Seria mais baixo o preço se a exploração da rede fosse municipalizada? Ainda ninguém nos deu essa resposta com clarividência. O certo é que o tema 'água' fez alterar sentidos de voto em muitos municípios e parece que vai continuar a influenciar a opção dos cidadãos na hora de votar.

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