22 Feb 2022
Maria Valente *
Costa conseguiu uma maioria absoluta do PS no parlamento quando já tinha passado 6 anos na governação. Nem as sondagens previam números tão altos. Todos diziam que estava cansado, que os portugueses queriam virar a página socialista, mas embora ninguém eleja o governo, António Costa será o nosso primeiro-ministro.
Os resultados das eleições baseiam-se em dois fatores:
Primeiro, os últimos 6 anos marcados por medidas que impactam a vida dos portugueses todos os dias: o tão necessário aumento das pensões e do salário mínimo e o baixo valor das propinas e dos passes sociais. Segundo, a falta de propostas do outro lado da bancada parlamentar além de medidas económicas. Onde está a cultura? Onde está a luta contra as alterações climáticas? Estes são temas que preocupam os jovens, muitos ainda à procura da sua identidade dentro do espectro político.
Noutra perspetiva, é preciso entender qual vai ser a resposta da direita perante os resultados.
O próximo candidato de direita terá que aprender algo com Rui Rio, além de aperfeiçoar o seu alemão com os jornalistas. Se algum dia quiser ganhar eleições e formar governo, irá mudar de tom em relação às propostas do Chega. Ou seja, aproximar-se de André Ventura – a direita terá que normalizar as ideias de um partido xenófobo e machista. Este não é só um problema para o Partido Socialista, mas também para qualquer um que se importa com a sobrevivência da democracia em Portugal.
Por favor, alguém que explique à direita que a normalização de movimentos racistas e xenófobos não os torna menos racistas e xenófobos, apenas normaliza o racismo e a xenofobia. Não é apenas um partido de protesto, são doze vozes no parlamento que pretendem revogar a lei de igualdade de género, e querem eleger um vice-presidente da Assembleia da República que insiste que a raça caucasiana é superior às outras.
É difícil nos defendermos de um perigo que não é iminente – logo depois de uma grande vitória – mas o pior cego é aquele que não quer ver.
* Militante da Juventude Socialista de Oliveira de Azeméis