Acabe-se com o colaborador

PCP

Vítor Januário *

As dificuldades sentidas pelos trabalhadores em Oliveira de Azeméis não são certamente distintas das que outros vivem no resto do território nacional. Há um problema fundamental, de forma genérica, que consiste em não se  proporcionar valorização salarial que garanta rendimentos disponíveis das famílias para as suas despesas.

Por esta razão, o vencimento mensal tem pequenez bastante para se perceber que uma média que o inclua será sempre desleal, revelando-se aliás uma operação pouco útil se forem confrontados valores que auferem todos os que trabalham, por exemplo, no setor empresarial, de gestores a operários. Naturalmente, os estímulos à redução do fosso salarial necessitam de ser desencadeados pelos poderes públicos, de âmbito central e local, não se devendo furtar, no caso das autarquias, à iniciativa para se promover desenvolvimento económico efetivo, de modo a que o que cresce seja também o que o trabalhador recebe. Com vontade política e empenho para influenciar, por exemplo, uma cultura de contratação coletiva, gera-se até mais disponibilidade para a aquisição de bens e serviços no concelho. 
Lamentavelmente, tem-se assistido a posicionamentos  cómodos, como sucede com a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, alinhando-se mesmo no vocabulário inoportuno de substituir o termo “trabalhador” por “colaborador”. Trata-se de um modernismo  que só serve o propósito de desvalorizar quem vende a força do trabalho para obter remuneração justa. Enquadra-se este deslocamento do significado das palavras numa lógica geral de desmerecimento, em que se opta  pela “flexibilização”, usando o ardil de fugir à assunção ética do que se pretende, isto é, a ‘precarização’. Do mesmo modo se “reestrutura” para se “despedir”, decidindo-se mexer no valor   das palavras  a fim de se atenuar a perceção da realidade laboral, que continua a  confrontar-se com um custo de vida a favorecer o lucro da produção e da distribuição, mas não de quem garante a laboração. 
Certamente que não se abdicará do significado da ‘luta’ por condições de vida justas, tornando insubstituível o papel dos trabalhadores, que, com intensidade, se têm manifestado, porque o aumento de preços a 50 e 100% mirram os salários, enquanto fazem crescer dividendos.
O compromisso político com o bem-estar social não se compadece com o cinismo de linguagem nem com a aceitação  de inevitabilidades de distribuição injusta de riqueza. 
 * Membro da Comissão Concelhia do PCP

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