Comerciantes do Mercado queriam ter sido consultados

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É com “insatisfação” que os comerciantes olham para o local provisório escolhido pela Câmara Municipal – o parque subterrâneo do Intermarché. Em entrevista à Azeméis TV, os vendedores expressaram as suas várias preocupações, desde o facto de a maior parte dos seus clientes, com uma certa idade, não terem hipótese de se deslocar até ao local provisório a pé, até não terem sido consultados pelo município oliveirense em relação à escolha do espaço. Segundo os comerciantes entrevistados, o local deveria ser transferido para um espaço mais central da cidade, como a Praça Abílio Campos, a Garagem Justino ou até para o parque de estacionamento da própria autarquia. Marta Cabral O Correio de Azeméis contactou a Câmara Municipal para obter alguns esclarecimentos, dado que à redação do jornal chegaram, também, sugestões dos nossos leitores de espaços alternativos para albergar o mercado provisório. Entre eles, o jardim público da Praça José da Costa e os parques de estacionamento do Rainha e da própria autarquia. Em resposta à primeira opção, referente ao jardim público, a Câmara considerou que esta hipótese é “completamente inviável”, uma vez que aquele “espaço icónico seria completamente destruído”, “sem contar com o facto de não reunir a área necessária para albergar as várias tendas e as várias dezenas de comerciantes”. “Não seria ainda possível compatibilizar o funcionamento de um mercado provisório com a profunda reabilitação ao lado do atual mercado, uma vez que se vai gerar movimento intenso de máquinas, barulhos, pó e lama”, esclarece a autarquia. Em relação aos restantes locais sugeridos, o município apontou que os mesmos “têm limitações ao nível da área” para albergar o Mercado Municipal. “Para além disso, estão – neste momento – a ser utilizados e têm outras condicionantes, que não é útil neste momento escalpelizar”, disse a autarquia. “Foram estudadas várias alternativas; entre outras, o parque subterrâneo do Gemini (Praça da Cidade), a Praça Abílio Campos, o edifício do antigo Carpan, a antiga fábrica de calçado Fémina (parque de La Salette), a zona desportiva da cidade, o terreno da Parque Escolar na Escola Soares Basto (na zona da pista de atletismo)”, exemplifica. Os motivos pelos quais estes locais não foram escolhidos não foram justificados, de forma pormenorizada, pela Câmara Municipal. “A Praça Abílio Campos, no parque de estacionamento, seria o sítio ideal para nós e para os clientes. Os clientes dizem que para o Intermaché não vão. Ninguém irá para lá a pé e muitas das pessoas que se dirigem ao próprio Mercado Municipal vão a pé. Falaram na mudança para agosto mas não sei se, entretanto, altera para mais cedo ou não; não tenho essa informação. Não houve, sequer, discussão. Eu soube através do jornal [Correio de Azeméis], senão nem sabia” Adelaide Azevedo, comerciante de Madaíl “Eu ainda não sei concretamente onde fica o local provisório, até porque as identidades superiores não se dirigiram a nenhum dos comerciantes. Portanto, enquanto nenhum dos representantes, como por exemplo um vereador ou o presidente, não nos contactar, não podemos dizer onde é. Ouvimos dizer apenas que irá ser no Intermaché. Ninguém nos contactou e é uma falta de respeito perante os comerciantes. As grandes superfícies estão cheias de oferta e nós, pequenos comerciantes, precisamos de um local onde possamos estar mais isolados e mais concentrados no sítio onde as pessoas estão habituadas a vir; está tudo muito chateado. Eu vendo o pão regional e tenho uma grande procura de pessoas já muito antigas, mas que não têm vontade de se deslocar para onde irá ser o mercado. Um sítio que seria bom seria o parque de estacionamento da Câmara e esse local poderia ser cedido aos comerciantes. No fundo, os comerciantes e os clientes estão muito insatisfeitos” Alexandrina Tavares, comerciante de Ul “Péssimo! Nunca devíamos ter que mudar para lá, porque todos os clientes dizem que não se vão deslocar para o Intermarché. Esta mudança está muito mal feita e muito mal pensada. O presidente da Câmara deve andar a dormir, pois é um sítio fora de mão. Todos os clientes que sabem que vamos mudar para lá dizem que não vão, ou seja, o feedback é 100 por cento negativo. O parque subterrâneo do Intermaché é fora de mão e parece-me ser um sítio com mau cheiro. Ninguém nos avisou; resolveram fazer e fizeram. Nós não valemos nada, o que me preocupa. Ainda temos que pagar lugar, sem sequer saber se iremos fazer o dinheiro para realizar o pagamento. Uma vez que vão fazer obras no Mercado Municipal, que seja para melhor. Na minha opinião, sou a favor das obras, mas naquele sítio é que não concordo. Se fosse perto do Rainha, onde já estivemos mais de 20 anos, tudo bem” Avelino Borges, comerciante de Oliveira de Azeméis “Acho que por um lado está bem, por outro… está mal. O acesso ao Intermaché é um bocado complicado e não vai haver muita adesão porque não há transporte, principalmente para os mais velhos. Hoje [sábado passado] já tive mais de meia dúzia de clientes a questionar a distância; talvez o mercado ficasse melhor onde estava antigamente [Praça Abílio Campos]. Uma mudança é sempre boa e se for para melhor até estou de acordo, não me oponho, mas o facto de ser longe é que é pior. Havia de haver mais diálogo e a parte da fiscalização devia de nos informar sobre a situação. Provavelmente vai acontecer como aconteceu há 15 anos: fazem e não dizem nada” Domingos Silva, comerciante de Ovar “Eu acho que não devia de ser no parque subterrâneo do Intermarché porque é muito longe. As pessoas que vão a pé até aqui dizem que até lá não vão, pois não têm possibilidades. Eu ainda não fui informada da nossa mudança, apesar de ter ouvido dizer que será em agosto. Deveríamos de ter uma opinião sobre este tema e isto não vai ser fácil, ainda para mais com a questão da pandemia” Gorete Leitão, comerciante da Branca “Deviam de ter pedido a opinião às pessoas. Não pediram nada a ninguém. Quem quer vai, quem não quer fica. O parque subterrâneo do Intermarché fica muito escondido e acaba por ser longe do centro da cidade. Há clientes que não têm carro para se poderem deslocar até ao Intermarché. No fundo, não está ninguém de acordo com esta decisão” Judite Oliveira, comerciante de Oliveira de Azeméis   “Isto está muito mal-organizado. Não fomos informadas de quando iremos ter que nos mudar e também não tem jeito nenhum irmos. Os clientes dizem que não vão para lá, porque é muito longe. O sítio mais adequado seria aqui no centro, uma vez que o local provisório escolhido se situa fora do centro da cidade e os nossos clientes não vão lá por ser longe. Primeiramente, deviam ter uma conversa connosco para termos a oportunidade de falar que seria melhor escolher um local no centro da cidade. Para lá, não vamos vender nada. Muitos dos nossos colegas vão desistir; eu vou continuar porque isto é a minha vida, mas vai ser muito mau. Em relação ao facto de os feirantes ficarem num sítio à parte quando o Mercado Municipal estiver requalificado, a minha opinião é que deveriam ficar connosco, uma vez que uma coisa puxa a outra” Mafalda Leite, comerciante de São Martinho da Gândara “Não é muito boa ideia [o local provisório]. É um sítio muito escondido e o povo não vai aderir ao mercado, devido ao facto de irmos para debaixo de uma superfície comercial. A não ser que seja um cliente muito fiel a nós, porque, de resto, é para esquecer. Por exemplo, a Câmara tem a garagem Justino, um espaço muito bom para fazer lá o mercado. Em relação ao local provisório estipulado, muitos clientes recusam-se a ir para lá, principalmente os mais velhos. Aliás, eu tenho clientes assíduos que terei, depois, de levar as encomendas a casa deles. Os comerciantes falam uns com os outros e dizem que não tem jeito nenhum” Maria Pinto, comerciante de Ul “Desconheço o sítio, mas acho que está muito mal, pois podiam-nos ter avisado antecipadamente. A meu ver poderia haver outra hipótese sem ser lá como, por exemplo, na Praça Abílio Campos. Tinha muito espaço para estacionar, porque muitos vem com carrinho de compras devido ao facto de morarem perto. Penso que essas pessoas vão deixar de ir, de certeza. Devia de haver uma reunião entre os da Câmara e os comerciantes e, depois, proceder à votação pela maioria. Ainda não me disseram nada sobre isto; eu só soube através de outros. Já se gastou muito dinheiro em obras aqui na altura e agora vai-se gastar mais. Sendo que a maioria das pessoas que frequentam o mercado têm uma certa idade, será que depois das obras os mais velhos irão continuar?” Maria Rosa, comerciante de Oliveira de Azeméis “Não será o melhor, mas também não existe outra opção para albergar o mercado. Há clientes que não estão muito positivos, como as pessoas com mais idade; as pessoas com automóvel, à partida, não deixam de ir. Não foi nada falado com os comerciantes e devia-se chegar a um consenso e arranjar um local que fosse do agrado de todos” Paulo Carvalho, comerciante de Oliveira de Azeméis      

Oposição não concorda com o espaço provisório

“Passada mais de uma década, o nosso Mercado Municipal volta a ser alvo de obras de remodelação. É unânime a necessidade de obras no mercado para o dotar de um espaço cómodo e digno, tanto para quem compra como para quem vende. No entanto, o projeto aprovado não é unânime entre a população. Pretendia-se um projeto moderno e inclusivo, por forma a criar mais lugares e oportunidades. Contudo, o que temos é um projeto desfasado da realidade oliveirense que, depois de concluído, vai excluir lugares de venda para incluir uma paragem de autocarros, e depauperar a vida de pessoas que têm como principal rendimento o que colhem dos campos. Perguntamos: o que vai ser destas pessoas? O Bloco de Esquerda teve conhecimento de que será o parque subterrâneo do Intermarché a acolher o Mercado Municipal durante as obras; um espaço que não é digno. Esta decisão aconteceu depois de, em agosto passado, o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge, ter anunciado que o Mercado Municipal provisório seria novamente no parque de estacionamento da praça Abílio Campos, no centro da cidade. Nesse sentido, o Bloco de Esquerda de Oliveira de Azeméis considera que o melhor lugar, e mais digno, para as pessoas que vão sair do Mercado Municipal com o início das obras é o edifício da Garagem Justino, bem como o terreno ao lado da Academia de Música que, com a autorização prévia do proprietário, poderia servir de estacionamento para os veículos dos vendedores” Diogo Barbosa, representante da Comissão Política Concelhia do Bloco de Esquerda de Oliveira de Azeméis   “Em relação à nossa opinião sobre a deslocalização provisória do Mercado Municipal para o parque subterrâneo do Intermarché, a nossa posição é clara: não concordamos. E não concordamos porque achamos que os comerciantes do mercado vão sentir na pele os efeitos da concorrência brutal praticada pelas grandes superfícies comerciais e, desta forma, verem os seus rendimentos baixarem de forma drástica. Outro ponto, e não menos importante, é sabermos que a maioria dos fiéis clientes do mercado são pessoas de uma faixa etária avançada, tornando desta forma a impossibilidade de muitos deles se deslocarem cerca de dois quilómetros para efetuarem as suas compras habituais nos seus fornecedores habituais. Na impossibilidade da utilização do espaço na Praça Abílio de Campos por motivo de obras a iniciar brevemente, segundo mencionado pelo presidente da autarquia, a Comissão Política Concelhia do Chega sugere a utilização do espaço do parque de estacionamento privado utilizado pelos funcionários da autarquia, passando estes a deixarem as suas viaturas nos lugares de estacionamento público, como fazem os comuns dos oliveirenses. O edil oliveirense disse que iria facultar transfers entre o centro da cidade e as novas instalações do mercado. Em que moldes e com que frequência serão realizados esses transfers? Serão gratuitos para os utentes? Quais os custos para o município? Quais as contrapartidas para o Intermarché pela cedência do espaço subterrâneo? Quais os custos para a autarquia? Durante a duração das obras no atual mercado, para onde vão os comerciantes que não comercializam produtos frescos? E depois das obras concluídas, qual será a periodicidade da feira para estes feirantes e onde se realizará? Lamentamos que o executivo camarário tenha tomado todas as decisões sem antes auscultar os comerciantes. Os oliveirenses não merecem estes tiques de autoritarismo!” Manuel Almeida, presidente da Comissão Política Concelhia do Chega de Oliveira de Azeméis   “Em meu nome pessoal e da organização concelhia do PCP, informo que tivemos conhecimento recentemente desta situação e encaramo-la com perplexidade quanto a esta previsível alteração deste espaço que, ainda há pouco tempo, sofreu obras. Lembro-me perfeitamente que, quando o Mercado Municipal foi requalificado, os comerciantes mudaram-se para o parque de estacionamento da Praça Abílio Campos. É um espaço com uma área que dá resposta às necessidades dos vendedores e utilizadores. Se for para avançar para o parque subterrâneo do Intermarché, esta será uma decisão precipitada porque será uma mais valia para uma grande superfície. No fundo, está-se a descaracterizar os comerciantes do nosso mercado e os seus produtos regionais ao colocá-los junto a uma grande superfície, que é dar uma machadada nos nossos produtores” Óscar Oliveira, representante do PCP de Oliveira de Azeméis   “O PS acha o local muito bem escolhido e muito assertivo. Cumpre três requisitos: mantém a centralidade, a mobilidade e a boa gestão. Mantém a centralidade porque é praticamente no centro da cidade e mantém a mobilidade porque permite condições para instalarmos todas as pessoas que estão no mercado, de forma a gerar um espaço de estacionamento e condições a quem frequenta o mercado. Por último, permite uma boa gestão, não só do espaço e das condições que temos que dar às pessoas para que frequentem o mercado e para não perdermos público que depois teremos que transferir para o novo mercado, como, sobretudo, resolve um problema imenso que seria a instalação de um mercado provisório, que custa milhares e milhares de euros. O parque subterrâneo de estacionamento do Intermarché está completamente desocupado, tem todas as condições e tenho a certeza que as pessoas vão gostar imenso desta solução provisória, porque vão perceber que têm todas as condições para esta fase de transição” Bruno Aragão, presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Oliveira de Azeméis   “Todos reconhecemos a necessidade de encontrar um local, provisório para o mercado funcionar ao longo dos próximos dois anos. O que me parece é que a solução deveria ter envolvido, em primeira mão, os interessados, ou seja, os vendedores e comerciantes do mercado, algo que não aconteceu bem ao estilo deste executivo. Definir um local sem ouvir estas pessoas é, a meu ver, muito errado. Apesar de a Câmara dizer que equacionou várias soluções, parece-me que a solução encontrada, para além de pouco central, situa-se no espaço de uma grande superfície comercial, o que desde logo me parece um contrassenso. Quanto ganha o Intermarché com isso? Ainda por cima, é um parque que nunca foi usado, ou seja, rentabilizado, desde a abertura da cadeia de supermercados. O acesso a transportes públicos também me parece condicionado, especialmente para quem se desloca do nordeste do concelho. Locais como a Praça Abílio Campos (antigo mercado provisório), Garagem Justino, estacionamento da Praça da Cidade ou até mesmo a Praça da Cidade deveriam ter sido equacionados. Ficamos a saber que, para estas obras, todos os vendedores irão sair e que nem todos terão lugar quando o mercado estiver pronto. Espero que, com tudo isto, não se corra o risco de investir milhões de euros na requalificação de um mercado que estará condenado no tempo” Nuno Pires, presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis      

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