Desagregação aqueceu a assembleia

Com um primeiro momento de esclarecimento sobre os critérios e a lei que compõem a possibilidade de desagregar as freguesias, no período de intervenção do público, a desagregação de Pindelo foi unânime para todos os que decidiram intervir ao longo da sessão.
Nesta mesma assembleia foram entregues dois documentos dos quais constam as assinaturas dos residentes eleitores da freguesia de apoio ao processo de desagregação. O primeiro com 800 assinaturas, entregue por José Almeida, habitante natural de Pindelo, e o segundo com 273 entregues por Vitor Januário, independente pela lista da CDU, nas últimas eleições autárquicas.
Ao fim de muito debate e intervenções por parte dos pindelenses, o presidente da assembleia decidiu pôr em votação uma assembleia extraordinária novamente em Pindelo, para se tomar uma decisão relativamente à desagregação. Aprovada, com três votos contra e duas abstenções por parte dos membros da assembleia do PS e quatro votos a favor dos membros do PSD/CDS-PP. Os elementos da bancada do PS justificaram a sua reprovação, porque consideraram “ser injusto” não marcar a próxima assembleia em Nogueira do Cravo, para auscultar o restante da população. Já a bancada do PSD/CDS-PP justificou a sua aprovação, porque entenderam que se a vontade de desagregar é da população de Pindelo a próxima assembleia terá de ser na freguesia.

“Eu dou razão ao executivo quando diz que realmente convinha reunir, porque passamos por uma agregação que ninguém da freguesia foi consultado. E quem nasceu na freguesia, como eu nasci há 71 anos, sempre vi a freguesia de Pindelo a gerir a sua parte da paróquia onde vivemos. Eu sou de acordo que se crie um grupo para debatermos essa pretensão de desagregar a freguesia. Mas há uma coisa que temos de ter atenção, por aquilo que conversamos, Pindelo há 20 anos atrás, tinha uma população onde as raízes estavam agarradas à freguesia, porque nascemos, vivemos e tínhamos a nossa cultura. E do nada Pindelo ficou com muito mais população, mas por pessoas vindas de fora. E esses não sentem na pele o que é ser de Pindelo e ter nascido cá. Quando perguntamos a opinião as essas pessoas é lhes indiferente, porque não sentem. Chegámos à conclusão que depois destes anos de agregação, as freguesias que estavam independentes e que ficaram unidas acabaram por se invidiar mais e funcionar mais.”
Ismael Resende, Pindelo 

 “Eu diria que esta preocupação de todos que são de fora de Pindelo, possam ainda não sentir esta necessidade da desagregação. Nós não sentimos, estou a dizer nós, os promotores do abaixo-assinado, que iremos entregar ao senhor presidente da assembleia da união de freguesias com 273 assinaturas. Os promotores são o Partido Comunista Português de Oliveira de Azeméis, desde novembro que fazemos essa recolha das subscrições e é quase residual o número de pessoas que não assinou este abaixo assinado. Fizemos circunstancialmente, não podíamos durante a semana, mas algumas das pessoas que aqui estão, algumas subscreveram, outras não, naturalmente não conseguimos chegar a todas as casas. Em todo o caso, devo dizer que decorrido um ano da publicação da lei, já era tempo de ser discutida a desagregação. Naturalmente achamos que este tempo era o tempo útil para se fazer. Não há nenhuma dificuldade de procedimento que possa inviabilizá-lo. Há uma vontade política, primeiro, que deve ser por respeito dos próprios membros da assembleia de freguesia e é importante que ela se manifeste. A vontade da população acho que é óbvia, não só pelo esforço feito pelos próprios pindelenses como acabou ali de revelar o senhor Ismael e o senhor José, com a preocupação de fazer a subscrição de assinaturas, para enviarem para a Assembleia da República até, com a fundamentação necessária. E nós fizemos um abaixo assinado, digamos que requerendo, exigentemente, que a Assembleia da União de Freguesias de Nogueira do Cravo e Pindelo tome posição favorável à desagregação da união de freguesias fundamentando (…).”
Vitor Januário, independente pela lista da CDU nas últimas eleições autárquicas

“Estamos aqui a falar da questão da desagregação, a última assembleia que houve do anterior executivo foi falado aqui esse assunto já, em que foi relatado que esta lei só ia ser aprovada após as eleições autárquicas de 2021 onde o governo não queria ‘contrastações’ (…) O que quero dizer é que existe um prazo legal para a apresentação da mesma. Em janeiro falámos aqui, ou no início do ano falámos aqui sobre a junta e a junta disse que até março não podia preparar isso porque tinha o orçamento da junta para entregar, mas logo a seguir a isso poderia entregar. Ou seja, já estamos em junho, já passaram três meses, estamos a falar aqui com calma de que temos de tratar disto. Isto não tem que ser uma opção política, não precisa de ser uma opção política. O senhor Ismael falou e bem, tal como outras pessoas que estiveram aqui, isto não é uma questão de cores políticas. Isto é uma questão de vontade pública e de vontade das pessoas, se elas querem avançar ou não. Vamos deixar a cor política para o lado porque aqui não estamos a tratar disso. A questão é que temos algumas coisas que foram aqui ditas, a junta se for para a frente, a junta vai ter que cair, vai ter que ser criada uma comissão executiva para nos últimos seis meses gerir a junta e tratar bem das coisas tanto a nível de vidas, como a nível de imóveis e tudo mais. Para esclarecer um bocadinho, temos um prazo a cumprir, não tem que ser com calma, temos que ser célebres, seguir e entregar o requerimento.”
Pedro Alexandre, Pindelo

“Eu tive uma reunião com um deputado da décima terceira parlamentar administrativa e da manutenção da descentralização do poder local que disse que Pindelo é a única freguesia do concelho que tinha condições para se desagregar. Porque nós temos aqui: existência de equipamento desportivo, temos. Existência de equipamento cultural, temos. Existência de um parque infantil, temos. Eram só quatro, temos seis ou sete. Existência de serviços de associativos e proteção dos cidadãos, temos. Ele disse-me a mim que este do artigo 5, nós tínhamos todos os produtos legais para serem independentes. E ainda me disse mais, se faltar alguma coisa, a Assembleia da República, pede. Não é deputado, ele é o presidente da décima terceira parlamentar administrativa. Ele disse que os nossos requisitos estão legais, portanto é só vontade política agora.”
José Almeida, Pindelo 

“Queria dizer que estou muito feliz com o povo da terra que mostra que realmente temos de seguir o nosso caminho sozinhos e como disse o meu caro vizinho de muitos anos, o senhor Ismael, só quem sente as raízes bem presas nos faz olhar para a frente com um futuro risonho, separados e desejando o melhor também para Nogueira do Cravo, mas separados.”
Carla Costa, Pindelo