Emigrante ajuda vítima de burla após reportagem do Correio de Azeméis

A reportagem do Correio de Azeméis, publicada online no dia 14 de abril e que dava conta dessa burla, chegou até França e deixou uma emigrante, natural de Cucujães, muito sensibilizada. “A senhora entrou em contacto comigo através das redes sociais e disse que gostava de me dar os 100 euros. Tanto insistiu que eu acabei por dar o meu NIB e ela fez a transferência”, contou Manuel Pinheiro ao Correio de Azeméis.

O proprietário do quiosque, que se situa bem no centro da vila de Cesar, confessou que “ficou sem palavras” após esta ação da emigrante. “Já dá para ir com a minha filha ao médico”, confessou Manuel Pinheiro, que na altura da burla se viu obrigado a cancelar uma consulta com a filha por ter ficado sem os 100 euros. Após a publicação da reportagem, o homem revela que tem recebido “muitos telefonemas” e contactos através das redes sociais “a dar apoio” e também “conselhos”.

“Quando ajudamos acredito que Deus nos ajuda em dobro”

Pedindo anonimato, porque entende que “quando fazemos uma boa ação não devemos andar a espalhar que ajudamos”, a emigrante em França explicou que decidiu ajudar Manuel Pinheiro, porque “ele realmente precisa”. “A situação tocou-me e tocou-me ainda mais quando vi na vossa reportagem que a esposa também estava numa cadeira de rodas”, começou por explicar a mulher de 37 anos, que também sofreu na pele uma burla de 100 euros quando, ainda em Portugal, tinha um restaurante. “Lembro-me da falta que esses 100 euros me fizeram e pus-me na pele do sr. Pinheiro ainda para mais sendo duas pessoas com dificuldades motoras. Não hesitei em ajudar”, afirmou a cucujanense, acreditando que “quando ajudamos, Deus nos ajuda em dobro”.

A emigrante oliveirense já tem por hábito ajudar outras pessoas mais necessitadas, não só com dinheiro, mas também com bens alimentares e até a arranjar emprego. “Acredito que Deus me tem ajudado em dobro”, confessou a mulher que, durante a Covid-19, levou para França o seu sogro, a quem foi diagnosticado cancro, e a cunhada que o acompanhou e viria depois a descobrir que estava grávida e que tinha um aneurisma. Com três filhos pequenos e os seus familiares a precisarem de cuidados, a emigrante ficou com uma “depressão”. “Acredito que por fazer estas ações, Deus tem-me ajudado em dobro e a minha depressão já se foi”, contou.

“Se todos fizessem um pouco pelo próximo o mundo estaria melhor”

Na opinião da emigrante, de 37 anos, “as pessoas estão cada vez mais distantes e mais frias, acho que a dor do outro não toca mais as pessoas. Se assim não fosse, essa senhora que burlou o sr. Pinheiro não o tinha feito, principalmente por ele estar numa cadeira de rodas”, referiu, indignada. “Se todos fizessem um pouco pelo próximo, com uma palavra, ajudar a procurar trabalho, a matar a fome, o mundo estaria melhor. Neste momento cada um só pensa só no seu próprio umbigo”, lamentou a emigrante, que enquanto prestava estas declarações à nossa reportagem tinha os seus filhos de 7, 10 e 12 anos ao seu lado. “Eu expliquei-lhes o que a mãe fez que é para eles também aprenderem, no futuro, a ajudar o próximo, porque cada vez isso está mais raro”, concluiu a mulher, que deu os 100 euros que Manuel Pinheiro perdeu após ser burlado e, assim, devolveu-lhe a possibilidade de levar a sua filha a uma consulta.