Helena Terra - Ida até à costa

Helena Terra * Nas últimas décadas o nosso país mudou imenso no que toca à sua rede viária. Há até quem diga que se construíram estradas a mais, mas esta não é a minha opinião. Todavia e, apesar disso, ainda existe um défice de vias, nomeadamente, de cariz intermunicipal e de ligação entre concelhos vizinhos, como é o caso de uma ligação digna do século XXI entre Oliveira de Azeméis e Ovar. Hoje, se um de nós quiser sair da cidade de Oliveira de Azeméis e ir a Ovar, para percorrer sensivelmente 16km, demora 22 minutos. Mas, se sair da cidade para ir até à praia do Furadouro, para percorrer sensivelmente 20km, demora 26 minutos. No primeiro caso fazendo uma média de 43km/h e no segundo uma média de 47km/h. Isto acontece porque as ligações intermunicipais são hoje as mesmas que eram há um século e uma ligação intermunicipal diferente, entre estes dois municípios, é importante. Com um traçado mais célere e menos sinuoso, fugindo o mais possível aos aglomerados populacionais que, além de diminuir a distância/tempo, diminuiria, também, o potencial de sinistralidade. Quer Oliveira de Azeméis, quer Ovar, são concelhos com um elevado peso da atividade industrial e no que toca à localização relativa, Ovar é o concelho costeiro maís próximo de Oliveira de Azeméis. Por via disso, é de todos conhecido o “corredor de tráfego” que se estabelece entre estes dois concelhos durante todo o ano. No Verão para aproveitar a praia e no Inverno para aproveitar todas as réstias de sol, com o efeito moderador do mar nas temperaturas atmosféricas. Muitos são os oliveirenses que têm naquele concelho vizinho uma segunda habitação, e não se pense que uma via de acesso de melhores condições potenciaria a saída mais fácil de oliveirenses; potenciaria, isso sim, idas e vindas mais eficientes a todos os níveis. Seriam menores as perdas de tempo, os gastos de combustíveis, o impacto ambiental daí resultante, o potencial de sinistralidade reduziria e, com isso, ambos os concelhos ficariam a ganhar. Oliveira de Azeméis é o concelho central do norte do distrito de Aveiro, mas necessita de criar condições para se tornar centrípeto, porque apesar de um e outro dos conceitos parecerem sinónimos, certo é que não são. Deste modo, Oliveira de Azeméis aumentaria a sua atratividade no que toca à fixação de população que aqui encontra mercado de trabalho, mas que, ainda, prefere fazer deslocações pendulares diárias do que fixar aqui residência. Somos concelho há 222 anos e cidade há 37… não podemos adiar mais o que há muito deveria ser nosso. Ser autarca não é só tratar do nosso “canteiro”, mas rasgar horizontes que nos permitam um novo posicionamento na “quinta”. Esta, no caso, é uma tarefa conjunta para os autarcas dos dois municípios. * advogada Dê a sua opinião: helenaterra@correiodeazemeis.pt