21 Mar 2022
Bruno Aragão *
Mais um dia de Liberdade. A 24 de Março, na próxima quinta-feira, teremos vivido mais um dia em democracia do que em ditadura. Ultrapassamos simbolicamente os quase 48 anos da ditadura militar, iniciada com o golpe de 28 de maio de 1926 e, durante quase 41 anos, consubstanciada no Estado Novo, com a Constituição de 1933. Foi uma das mais longas ditaduras do século XX.
Teve consequências profundas na sociedade portuguesa e desenganem-se os que acham que é já apenas um apontamento histórico. Ainda hoje sentimos muitas dessas consequências. Uma das mais profundas, referida em todos os relatórios sobre Portugal e as condições de competitividade da economia portuguesa, é a da qualificação dos portugueses. Somos ainda hoje, apesar da impressionante recuperação que fizemos, um dos países da União Europeia com mais fragilidades na qualificação da população adulta. Só no ano letivo de 2020/2021, por exemplo, conseguimos, pela primeira vez, ter mais de 50% dos jovens com 20 anos a frequentar o Ensino Superior. Ainda assim, conseguimos em menos de meio século, o que muito poucos países no mundo conseguiram.
Fizemo-lo sempre com políticas públicas, acreditando que o esforço de crescimento deveria, ao longo do tempo, chegar a todos. A Escola Pública é disso um grande exemplo. Hoje, mais de metade dos portugueses nasceu depois do 25 de Abril de 1974 e, muitos deles, fazem hoje parte do que chamamos a geração mais qualificada de sempre. Nunca devemos esquecer que políticas públicas prepararam essa geração e lhe dão hoje a liberdade de achar que é tudo mérito e capacidade individual. Não é.
Por isso, 24 de Março não é só mais um dia. É mesmo mais um Dia de Liberdade. É mais um dia de construção de um país que, com todas fragilidades, continua a saber encontrar-se e a criar oportunidades para que o melhor de nós se possa expressar. De todos nós e não de apenas de alguns.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista